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O Brasil é um país continental e dentro do subcontinente faz fronteira com quase todos os países sulamericanos. No norte da américa do sul, as fronteiras brasileiras com a região das guianas, ou ainda, com a chamada Amazônia caribenha, compreendem a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname, os Estados de Roraima e do Amapá, no extremo norte do Brasil.

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Em termos linguísticos, essa região congrega diversas línguas, como português, francês, holandês, inglês, javanês, além das línguas indígenas e crioulas. Quanto à expressão literária e cultural, não somente são incorporadas, na forma estética, as contradições sociais presentes nas cidades amazônicas, como são integradas nas obras o imaginário e as representações do ribeirinho, do indígena e do crioulo.

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Apesar das semelhanças culturais e artísticas e da proximidade geográfica, muito pouco foi construído até hoje em termos acadêmicos. A Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) e a Universidade da Guiana Francesa (UG), por se fazerem presentes nessa localidade, são capazes de congregar pesquisas produzidas na e sobre a região. Na UNIFAP, no campo das Literaturas, as manifestações literárias são alvo de investigação por meio do Núcleo de Pesquisas em Estudos Literários (NUPEL). Também na UG, no campo das Letras, suas investigações são veiculadas por meio do Núcleo de Pesquisas Imaginários, Literaturas e Artes (IMLA).

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Assim, por iniciativa dos pesquisadores da UNIFAP e da UG integrantes desses núcleos, o I° Simpósio de Literaturas das Guianas: trânsitos e descentramento e a IIª Jornada de Estudos do Platô das Guianas: circulações e decentramento em literaturas visam reunir pesquisadores da área de Literaturas a fim de melhor compreender o espaço das Guianas em seus múltiplos aspectos: histórico, sociológico, cultural, literário, artístico, entre outros. Trata-se de pensar a pesquisa e o ensino a partir da circulação dos saberes nessa região cuja configuração, repleta de potencialidades, representa um espaço periférico específico. Nesse sentido, o I° Simpósio de Literatura das Guianas e a IIª Jornada de Estudos do Platô das Guianas inscrevem-se na perspectiva da reflexão sobre o “descentramento” do saber. Essa postura implica pensar o papel de teorias e de práticas acadêmicas em um contexto situado fora do centro, sem negar, contudo, a relação centro-periferia.

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Distante dos centros político, econômico e intelectual europeu e brasileiro, a região das Guianas é um espaço heterogêneo composto por países e territórios que, no entanto, congregam características únicas como certas expressões artísticas, profícua produção literária, diversidade linguística e cultural, processos migratórios, cooperação transfronteiriça, entre outras. O conjunto desses elementos será objeto das discussões encetadas no I° Simpósio e na IIª Jornada de estudos que se pretende pluri e interdisciplinar.

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O termo “periferia” está imbuído de sentido geográfico para designar o espaço distante da área urbanizada dos grandes centros e, também, de sentido sociológico e político para indicar o local onde a força de produção se reproduz sob condições ruins. Em ambos os sentidos, o termo periferia é rotulado como “área de exclusão”. Um dos objetivos principais desse encontro de trabalho é reunir professores e pesquisadores que discutam as Guianas (ou a Amazônia caribenha), pois é preciso se apropriar de instrumentais, de saberes e de novos conceitos que emerjam da periferia. Com efeito, no cruzamento do conhecimento, no encontro das distintas áreas de pesquisa e nas diferentes práticas dos saberes é primordial que se encontre uma via capaz de compreender a realidade das Guianas,propor soluções para suas questões, suscitar outros debates e posicionamentos críticos, pois somente assim será possível construir caminhos sólidos em torno de nossas especificidades culturais e territoriais.

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